A nossa sociedade não só aceita o uso indiscriminado do álcool como também incentiva seu consumo. Experimentar drogas, principalmente o álcool, constitui-se numa passagem quase obrigatória (como se fosse um “ritual de passagem” [não oficial] entre a adolescência e a idade adulta, como acontece em certas tribos primitivas), que se não atinge nossas crianças ainda em seus lares, certamente o fará assim que botarem os pés na rua. O álcool está tão arraigado em nossa cultura que, já muito cedo, o indivíduo faz contato com ele intensamente e em várias formas. Primeiramente é no próprio lar onde ele é encontrado, pois dificilmente o álcool deixa de existir numa moradia brasileira. Está logo ali no barzinho ou na geladeira, talvez na cristaleira, quem sabe debaixo da pia ou no armário da cozinha. Se não existe em estoque, certamente no fim de semana ele virá com as compras de supermercado. Depois, o jovem o encontrará por todo canto em que for. Na escola, no clube, na igreja, na casa de parentes ou de amigos ou na rua por onde quer que ele passe. Em casa, conforme já vimos, o álcool pode aparecer em fórmulas medicamentosas caseiras, em compressas ou adicionadas a chás, leite, café etc., sendo indicado para inúmeros males, tudo sem o menor embasamento científico. Está fortemente presente na culinária, aparecendo num sem-número de receitas.