Continuação de leitura de "Uma proposta aguardando por interessados".

Muitos pensam que dependente de álcool é aquele que bebe muito, mas a verdade não é bem esta. Existe a tolerância, que consiste em uma escala progressiva no aumento das doses ingeridas, e no aumento gradual das sessões de uso da bebida. Por fim a quantidade declina e chega a um determinado ponto em que uma única dose põe este bebedor patológico a nocaute. Devido exatamente às dificuldades em diferenciar o beber comum do beber doentio, as pessoas tendem a acreditar que dependente de álcool é aquele que cai pelas sarjetas. Esta é apenas uma fase na trajetória da dependência, quando, diante da evidente exposição, fica fácil aos olhos leigos identificar o dependente. Esta é também a fase mais adiantada, ou estágios finais da doença.

No meu a caso a história ficou apenas um pouco diferente das demais, devido aos aspectos extremamente dramáticos, e aos estágios adiantados da doença. Se o processo de tratamento da doença é chamado de “recuperação”, isto é porque o processo intermediário e final da doença é de “perder o que se conquistou”. Assim perdi tudo: trabalho, família, crédito (de toda ordem, principalmente moral e financeiro), como poderão se certificar logo abaixo. O dependente neste estágio perde o respeito de todos, mesmo as pessoas mais desqualificadas passam a não respeitá-lo. Assim cheguei ao ponto de não ter nem um teto onde me abrigar, ficando vagando a ermo. Inconsciente do que me acontecia, sofri toda sorte de desventuras. Passei a ser conduzido por “fantasmas”, literalmente, já que imaginava coisas e situações que me eram ditadas – diga-se alucinações. Eles me expunham a situações vexatórias, incoerentes e perigosas. Cheguei a ser surrado na rua sem saber por quê. Do mesmo jeito, completamente confuso, fui preso por três vezes e por este mesmo número fui internado em hospitais psiquiátricos.

Não sei dizer qual o pior, se uma cela de cadeia, os porões de um hospital psiquiátrico ou o Inferno (pelo que dizem). Logo após internado fui conduzido a um cubículo, completamente sem luz e cujo piso estava todo impregnado por uma substância viscosa que não pude identificar. Naquele restrito espaço, absolutamente escuro, procurei me deitar no cimento frio e fechar os olhos para não entrar em pânico. Fiquei assim porque notei que o indivíduo que estava ali trancado anteriormente só saiu de lá depois que parou de esmurrar a porta de ferro da “jaula”. Ali fiquei não sei por quanto tempo. Quando finalmente me retiraram de lá, fui conduzido a uma cama onde me deitaram e fui amarrado pelos punhos e tornozelos. Lá permaneci uma noite inteira. Por momentos, fui pisoteado por outros internos, loucos de toda ordem. Em meus pensamentos alucinados julguei que fosse o próprio Cristo sendo torturado por seus algozes.

Não sei precisar o espaço de tempo transcorrido entre o momento que dei entrada naquela masmorra, até o instante em que fui conduzido ao pátio, onde, por coincidência, havia visita para os internos. Embora dopado, pude avaliar a situação (sob o efeito de drogas, o usuário é possuído por arroubos de inteligência, digno das melhores cabeças pensantes) e buscar uma saída. Dirigi-me a uma velhinha que julguei ser suscetível à minha trama. Sob o argumento de que seu cartão de controle de visitas não havia recebido o devido visto, consegui apossar-me do mesmo e ganhei repentina liberdade. Quando foram perceber o ardil, eu já estava na casa de minha irmã. Relatei a ela o que havia sucedido, impedindo assim que o funcionário do hospital, que foi em meu encalço, me reconduzisse àquele inferno. De volta, continuava sendo incapaz de coordenar meus pensamentos e atitudes. Apenas quando ingeria álcool me dava conta da situação: tudo que construí estava desfeito, negócios arruinados, saúde seriamente afetada, afetividade conturbada, enfim, tudo completamente às avessas. Absolutamente sem nenhum controle sobre a própria vida, arrastava-me desgraçadamente pelas entranhas pestilentas do álcool. A situação se invertia e eu estava prestes a ser inexoravelmente digerido por aquilo que eu ingeria. Se conseguia livrar-me da bebida e voltar ao mundo, era acometido por uma tremenda depressão.  Tentando me livrar daqueles tentáculos que me asfixiavam, fui parar no Tocantins, estado então recém-instalado. Em vez de encontrar ali uma saída para meus problemas, quase achei um fim trágico. Dali fui direto para outra internação no Hospital Espírita de Uberaba, MG. Ali a coisa não melhorou em nada, muito pelo contrário, piorava mais com as internações. Recebia maus tratos de enfermeiros mal preparados, não todos, é verdade, mas havia quem infernizasse mais ainda a vida dos internos. Concluí que minha situação era irremediável. Em um dia, roubei uma enorme chave (de uma enfermeira distraída), que julguei poder me tirar dali. Com ela passei por três grandes portas e ganhei a rua. Por lá esmolei, bebi álcool e fiz inúmeras ligações telefônicas para meus irmãos pedindo socorro, mas eles não queriam mais saber de mim. Completamente “à deriva” passei a noite. Como se não bastassem os problemas de ordem mental, meu corpo estava tomado por dores, espasmos e intestinos completamente desarranjados, a ponto de, não vendo saída alguma, recorrer à polícia. Dei-lhes ciência de minha situação, tentando mostrar-lhes os inconvenientes por que estava passando. Mas em lugar de uma alternativa, fui levado de volta ao sanatório, onde meus tormentos continuaram.  Além das penalidades por ter fugido, queriam saber como fugi, uma vez que aquela chave, que eu dizia instrumento da fuga, não servia em nenhuma daquelas fechaduras. Fato nunca deslindado.

Depois de receber alta, completamente incapacitado para o trabalho, mas seguindo as orientações médicas, procurei uma ocupação. Finalmente consegui arranjar um emprego. Fui sincero em dizer das minhas limitações, mas como era conhecido na empresa por minhas habilidades profissionais, as observações que fiz não foram levadas em consideração. De repente me vi às voltas com uma grande carga de trabalho sem conseguir desenvolvê-la. Daí, álcool cadeia e sanatório foram até uma consequência lógica e previsível. O mesmo inferno, com nome diferente, desta vez na cidade de Brodowski, interior de São Paulo.

Depois das internações passei a ser um dependente cruzado. Com o álcool agora dependia de drogas receitadas também, numa interação de substâncias explosiva. Desci mais um círculo no inferno dantesco. O sofrimento me parecia não ter limites: incomensurável como o universo, ele se expandia continuamente.

Eu pensava que todos já tinham desistido de mim. Desistiram, mas uma de minhas irmãs arranjou-me uma vaga em um quartinho depois desta última internação psiquiátrica. Apesar das enormes dificuldades e das limitações, após esta internação, tentei voltar à vida normal, como me recomendaram. Mas tomando fortes sedativos e antidepressivos, eu parecia mais um zumbi. A medicação era tão forte que perdi o olfato e o paladar e me sentia como uma estátua, uma escultura que tinha surtos humanos. Orientaram-me a fazer caminhadas de 40 minutos, mas eu mal dava conta de andar(?) poucos metros. Como voltar a ter uma vida normal?  Parece até que os médicos estavam troçando de mim, fazendo coro com a horda de fantasmas à minha volta. Em meio a este turbilhão de coisas, resolvi dar um basta, acabar com minha própria vida. Assim decidido, me dirigi a uma drogaria veterinária, no centro de Belo Horizonte, e inventei uma história. Contei que eu tinha um cachorro muito grande (que justificasse uma dose de idêntica proporção) e que ele estava com raiva. O veterinário perguntou-me se não havia mesmo jeito para o cão. Respondi que não havia a mínima possibilidade para ele, só a morte o aliviaria. Diante de minha afirmativa ele providenciou um veneno, que nem me importei em saber o nome. Me entregou a substância letal já pronta para ser usada, na seringa, recomendando para que a aplicasse na terceira costela do animal. Fui embora me perguntando como é que eu alcançaria minhas costas com a agulha.

No caminho me veio à mente a figura de meus filhos, e então resolvi me despedir deles.  Quando sugeri a meu filho, induzindo-lhe resposta, que se eu morresse de repente, em breve ele já não mais sofreria com minha ausência, sua reação foi de espanto. Ele, naquela época com aproximadamente 15 anos, ficou estupefato, e em um sobressalto, respondeu questionando: que é isso, pai? Eu não cogitava naquela reação, e também reagi emocionalmente, e incontinenti, voltei a ter sentimentos, mas não juízo perfeito. Prova é que em breve estava novamente chafurdado no álcool. No caminho de volta fiquei pensando na dor de meus filhos se eu morresse tragicamente como um cão raivoso. E envolto por estes pensamentos resolvi “vender caro” minha vida. Entrementes travei uma batalha mental com Deus. Um Deus em quem eu já nem acreditava mais, e se ainda povoava a minha mente, isso se devia a minha arraigada educação cristã. Eu dizia a ele de minhas indignações e revolta. Perguntava-Lhe: se Ele realmente era como me diziam na Igreja, um pai amoroso e presente, porque então não me ajudava?

- Que Pai é você que deixa um filho em situação tão desgraçada? Veja, sou um pai miserável, desprovido de qualquer coisa que preste, mas mesmo assim, amo meus filhos. Só para não fazê-los sofrer mais, ainda vivo. Faria qualquer coisa para não vê-los sofrer, faço qualquer coisa pelos meus filhos. Você bem sabe que levaria a extremos o que estou lhe dizendo, sob qualquer consequência eu levaria a cabo este intento.

- E Você? Não é capaz de fazer nada por mim? A que raias da desgraça me encontro para que seja tão indiferente por mim? Acho que nem existe, mas se existir, segure minha mão e me tire deste inferno !!!

Sem achar uma saída, me refugiei no copo novamente. Fiquei “suportando” a vida, até que algum tempo depois, que não sei precisar, me deparei com uma reportagem de jornal. O artigo dizia sobre uma fazenda, de nome Renascer, destinada a internação de dependentes - como diziam, de drogas e álcool. Imediatamente liguei para a mesma irmã que havia me socorrido e disse a respeito da matéria do jornal. Dias depois estava a caminho de uma fazenda destinada a internação de dependentes, não aquela da reportagem, mas outra, distante 20 km de Serra do Salitre, MG. Cheguei à fazenda dirigida pela entidade Amaravida, de Patrocínio, MG, na tarde do dia 07 de novembro de 1994.

Logo que cheguei ali senti grande alívio e percebi que realmente havia uma luz no fim do túnel. Os internos daquela instituição não se pareciam em nada com dependentes de drogas. Tinham aspectos saudáveis. Seus corpos musculosos, em sua maioria, deixavam em meio às tatuagens (únicos sinais de seus terríveis passados recentes)^[1], transparecer o bronzeado que o sol ali lhes impregnava.

Quando me internei, encontrava-me bastante confuso e debilitado. Hoje posso entender o que ocorreu naquela ocasião. Eu estava acometido pela síndrome de Wernicke-Korsakoff, mais delirium tremens. Esta síndrome consiste, na verdade, de dois distúrbios que podem ocorrer em conjunto ou isoladamente, de forma abrupta no primeiro caso, e gradual no segundo. O primeiro (encefalopatia de Wernicke) é caracterizado por marcha atáxica (descoordenação no andar), oftalmoplegia (paralisia ocular), e confusão mental, e aparece em decorrência da carência nutricional. Esta anomalia quase sempre é acompanhada da Síndrome de Abstinência. O paciente fica apático, desatento e com dificuldades de se expressar verbalmente. O declínio psicológico e a afetação cognitiva da maioria dos pacientes são derivados da interação entre uma tríade composta por neurotoxicidade alcoólica, por deficiências da tiamina e por suscetibilidade do indivíduo. O segundo (psicose de Korsakoff) é um estado de confusão mental, em que a memória de retenção fica gravemente comprometida. A doença é uma consequência de lesões causadas no sistema nervoso central e periférico, e acontece também devido à Síndrome de Abstinência. Ela ocorre com mais frequência em dependentes na faixa etária dos 40 aos 80 anos de idade. Os distúrbios mentais e de consciência deixam o paciente confuso, sujeito a alucinações, hiperatividade autonômica, agitação e alterações de percepções. A psicose de Korsakoff, juntamente com os danos ao cérebro (encefalopatia) e ao sistema nervoso como um todo, envolve prejuízos à memória e às habilidades cognitivas e intelectuais. Ficam evidentes as dificuldades na solução de problemas ou novos aprendizados. Caso o paciente não seja devidamente tratado, o quadro pode evoluir para o coma e para a morte – o que não é raro, podendo os óbitos chegar a 20%.

Para se ter uma ideia do estado que atingi, cito um único aspecto dele: para tomar um simples banho, eu tinha que ficar me autoestimulando. Ficava dizendo para mim mesmo: pegue a toalha..., pegue a sandália..., pegue o sabonete... tire a roupa... Se não fizesse isso, entraria no chuveiro com roupa e tudo.

Os coordenadores daquela instituição se viram na contingência de me dar uma atenção especial. Aguardaram que meu organismo reagisse até chegar ao ponto de receber o mesmo tratamento dispensado aos demais internos. Fazendo pequenos e progressivos serviços, alimentando-me razoavelmente e recebendo apoio dos coordenadores e demais internos, fui reagindo paulatinamente. Isso se deu de forma muito mais lenta que o habitual, e com sequelas acentuadas, devido à falta de terapia adequada. No meu caso requer-se-ia a administração de niacina (vitamina B3), e outros medicamentos de suporte. Estes facilitariam a regularização do metabolismo nutricional e restaurariam os danos causados pelo déficit vitamínico. Outros medicamentos ajudariam na readaptação psicossomática, tornando mais amenos os efeitos da abstinência.

Meses depois da internação, pude ver o quanto era profundo o fundo de poço a que cheguei, e me dar conta do quanto é difícil sair dele. A esmagadora maioria sucumbe, nem chega a se internar ou passar por uma terapia para se recuperar. Muitos dos que se internam não suportam ficar ali por muito tempo. Ainda outros recaem assim que saem dali. Fui testemunha de alguns que recaíram ainda na rodoviária, quando regressavam para casa. Então para encontrar uma saída, comecei a estudar sobre a minha doença, ali mesmo. Fiz isso na medida do que me era possível – porque a memória, a concentração e a cognição estavam seriamente comprometidas. Também não havia livros, revistas ou outro material, a única exceção ficava por conta de uma coleção antiga de uma revista traduzida do inglês, que continha algum conteúdo do assunto.

Deu certo, pois me concentrei neste objetivo e permaneci sóbrio até o presente momento, e continuo estudando até hoje, 17 anos e meio depois da internação. Dedicando-me aos estudos favoreci a recuperação quase total de meu sistema nervoso. Recuperei também crédito, afeto e tantas outras coisas. Neste espaço de tempo, abstêmio, consegui trabalhar e ganhar um bom dinheiro, que empreguei quase tudo em projetos de prevenção ao uso de drogas e na recuperação de dependentes. Dediquei-me ainda a orientar famílias na prevenção e no encaminhamento de dependentes, quando não, orientá-los diretamente. Proferi inúmeras palestras nos estados de MG, ES e SP. Como fruto dos meus estudos em dependências, apesar de minha pouca escolaridade, elaborei e apresentei trabalhos em congressos científicos, produzi diversos artigos, projetos e publiquei 5 livros. Alguns destes estão empoeirando na prateleira – e isso dói muito. Acontece por falta de interesse (pra não dizer de coragem e/ou omissão do exercício de cidadania) de educadores e políticos, já que tecnicamente foram aprovados por especialistas, até com louvor, como atesta o Dr. Luís André Nepomuceno em carta anexa a esta. E é por isso que tomei a iniciativa de elaborar esta mensagem e fazê-la chegar até você que a lê.  Corta-me o coração saber que tenho engavetado (ainda que modesto) aquilo de que a sociedade mais precisa. Certamente que a prevenção (rara em nosso meio, na forma de projetos consistentes e eficazes) evita muita dor, lágrimas e sangue, e o que é mais importante, quebra a corrente dos multiplicadores da dependência. Em pesquisa que fizemos constatamos que cada dependente leva em média outros 42 jovens a se drogarem, provocando uma progressão geométrica no número de flagelados pelas drogas. Isto porque, em determinada fase da dependência, o adicto para manter sua escravidão passa a agir como “aviãozinho”, “mula” ou traficante mesmo.

Destes projetos e achados científicos, dou destaque para dois deles:

1 – Projeto Prevenção de Verdade. Um projeto voltado para o público infanto-juvenil, contemplando alunos do maternal à 4ª série do ensino fundamental. Um projeto para ser aplicado continuamente, com duração mínima de um ano. Este trabalho foi aprovado por Superintendências de Ensino dos estados de Minas Gerais e Espirito Santo e por vários especialistas da área de educação e de drogadição. Foram feitas oficinas em estabelecimentos de ensinos, comprovando-se sua aplicabilidade e apurados os seus efeitos intensamente positivos. Alunos e famílias mostraram-se altamente receptivos, tornando-se multiplicadores de ações preventivas ao uso de drogas. O projeto consiste de vários materiais didáticos, inclusive, além de livros para o público em geral, de livro infantil e peça teatral. O destaque fica por conta de um boneco de nome Dudu que passa a ser uma referência para as crianças. Ele é apresentado aos alunos ao final de uma palestra^[2], lúdica e interativa, e é oferecido para acompanhar os alunos em seus estudos durante aquele ano letivo. O Dudu torna-se um igual, frequentando a escola uniformizado e com carteira de identidade. Cada dia vai para a casa de um aluno diferente, para juntos elaborarem um trabalho sobre drogas. Em sua mochilinha há alguns livros de minha autoria e um caderno com uma anotação da diretora do educandário. Na nota há instruções de como proceder para a elaboração do referido trabalho. Os alunos e suas famílias disputam intensamente a companhia do Dudu.

2 – No nosso último livro “O mito da doença espiritual na dependência de álcool (Desmistificando Bill Wilson e Alcoólicos Anônimos)”, apresentamos alguns achados científicos, que apontam as principais causas dos baixíssimos índices de dependentes de álcool (e de demais dependências de drogas) em tratamento. A OMS afirma que estes não chegam a 1%. E a causa principal é a estigmatização da doença, causada pelo método ultrapassado (criado quando a dependência nem era considerada como doença), quase sempre adotado até mesmo por clínicas particulares. Este método moralista exige dos dependentes que se confessem pecadores, e admitam que as causas de sua doença sejam seus defeitos de caráter. Segundo esta pseudoterapia, só se convertendo a este sistema doutrinário sectário (religioso-moralista), é que o dependente poderá se recuperar. Nosso livro, além disso, mostra detalhadamente porque só uma insignificante minoria (que se aliena e perde qualidade de vida) aceita este sistema escravizante, e por que ele acaba por levar a esmagadora maioria daqueles que não o aceitam a também não procurarem por outra saída. O método é alienante e escravizante, pois seu autor diz literalmente que o conteúdo da propositura restringe-se a uma troca de dependência – em que o álcool será substituído pelo programa. Diante desta constatação (e é isso que nos move) apresentamos os “7 Pilares da recuperação”, um método de ajuda mútua com embasamento estritamente científico, para aqueles que sejam passíveis de aceitar uma alternativa racional. E essa é a proposta deste programa estacado nos 7 pilares: concorrer na recuperação do dependente de álcool observando-se o estrito respeito à dignidade e à liberdade humana. Acolher o semelhante que necessita de ajuda, até que ele se recupere totalmente e depois abrir-lhe as portas para que saia de volta para a vida. Assim nosso lema bem que poderia ser: “O dependente precisa apenas de um tratamento, e o GREDA^[3] deve ter este objetivo: o de demover o indivíduo da morte e devolvê-lo à vida.” Nunca retê-lo em uma malha de crenças. Este livro foi prefaciado pelo Dr. Eduardo Kalina, uma das maiores autoridades mundiais em tratamento de drogaditos, que em determinado trecho de seu texto diz: “Al respecto quiero dejar constancia de mi total coincidencia respecto  a la posición ideológica que expone acerca de lo que significa Alcohólicos Anónimos”.

Os nossos achados científicos estão sendo muito bem aceitos pela grande maioria dos que dele toma conhecimento - superando nossas mais otimistas expectativas -, mas apesar disso, nossas dificuldades na sua difusão são colossais. Sem uma ajuda de peso certamente não veremos os benefícios alcançarem a tempo os que sucumbem desalentadoramente por este mal que grassa incólume pela nossa sociedade. É aterrorizante também ver o Dudu e todo seu acervo ser tomado de poeira, enquanto crianças em idade cada vez mais tenra são iniciadas na fatídica e inexorável viagem sem retorno às entranhas do submundo das drogas.

Peço encarecidamente que repassem esta mensagem ao seu círculo de missivistas e a quem você julgar que possa engajar-se nesta causa. Meu objetivo é fazer circular esta mensagem pela internet, até que chegue às mãos de pessoas sensíveis e influentes. E que estas, ao avaliarem a importância de meus clamores, possam interferir na realização de meus dois principais objetivos: a) A construção de um Centro (GREDA) para recuperação de dependentes de drogas, que seja acessível a pessoas de baixo poder aquisitivo. Este Centro contará com uma equipe multidisciplinar, na qual será introduzido o grupo de ajuda mútua de embasamento científico. b) Alavancar o Grupo Fênix de Prevenção ao uso de drogas e incrementar ações para execução do “Projeto prevenção de verdade” em escolas. Além de sua lista de amigos, peço, por favor, repassarem esta a apresentadores de programas de televisão, artistas, autoridades, celebridades e pessoas que possam ajudar nesta empreitada (Me inspirei no Luciano Huck, quando assisti ao seu programa Caldeirão do Huck, de 12/05/12). Quem sabe ele compre essa briga.

Notas de Rodapé:
[1] Naquela época as tatuagens não eram muito comuns ao restante da população.

[2] Que foi a princípio desencorajada por alguns educadores. Diziam eles que crianças são muito dispersivas e não dariam atenção. Mas na realidade as crianças reagiram muito diferente disto e as palestras, que duram em torno de 1 hora, só não são mais longas devido ao cansaço que provoca no ministrante. Não temos notícia de que no Brasil haja outro palestrante que se incumba de tal tarefa. Quem quiser conhecer o projeto em seu inteiro teor, basta nos solicitar.

[3] GREDA – Grupo de Recuperandos da Dependência de Álcool.

Luiz Alberto Bahia

lzbahia@gmail.com

www.greda-luizalbertobahia.blogspot.com

(16) 3409-6130 e (16)8121-7436

            Prezados Senhores,

O pesquisador Luiz Alberto Bahia participou recentemente, como convidado, de uma mesa-redonda do VII Congresso Mineiro de Formação de Professores para a Educação Básica, promovido pelo Centro Universitário de Patos de Minas. Da referida mesa, participaram também o Dr. Daniel Cruz Cordeiro, psiquiatra da UNIFESP, com especialização em dependências químicas, e o Prof. Gledson Régis Lobato, do UNIPAM. O propósito da mesa-redonda, cujo título era “Dependências químicas no âmbito da escola: perspectivas e propostas”, foi justamente discutir um dos mais sérios problemas da atualidade, que afeta a família, a escola, e diversas outras instituições sociais: o uso de drogas entre jovens em casa e no âmbito escolar.

            Na oportunidade, Luiz Alberto Bahia apresentou um trabalho de natureza prática, envolvendo prevenção de drogas junto a crianças, um projeto que pode ser aplicado nas escolas, a partir de um trabalho conjunto entre professores, supervisores, diretores, e naturalmente, com a apresentação (em forma de palestra inicial) do próprio Luiz Alberto Bahia. A proposta inclui demonstrações práticas e lúdicas, e a incorporação de um boneco (o Dudu), que, por um jogo disciplinar e igualmente lúdico, deve se tornar uma espécie de amigo e conselheiro simbólico das crianças.

            O projeto, já aplicado em diversas cidades do interior de São Paulo e do Espírito Santos (e com bastante sucesso), despertou o mais alto interesse de educadores e professores que se encontravam na plateia do VII Congresso Mineiro, promovido pelo UNIPAM. É por essa razão que, também na condição de formador de professores, recomendo o projeto com o mais vivo entusiasmo, manifestando, ao mesmo tempo, a crença na urgente necessidade que temos de prevenir o uso de drogas entre crianças e jovens nas escolas de Patos de Minas.

Cordialmente,

Prof. Luís André Nepomuceno

Centro Universitário de Patos de Minas

           

[1] Naquela época as tatuagens não eram muito comuns ao restante da população.

[2] Que foi a princípio desencorajada por alguns educadores. Diziam eles que crianças são muito dispersivas e não dariam atenção. Mas na realidade as crianças reagiram muito diferente disto e as palestras, que duram em torno de 1 hora, só não são mais longas devido ao cansaço que provoca no ministrante. Não temos notícia de que no Brasil haja outro palestrante que se incumba de tal tarefa. Quem quiser conhecer o projeto em seu inteiro teor, basta nos solicitar.

[3] GREDA – Grupo de Recuperandos da Dependência de Álcool.

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