VISITANTES Greda - Grupo de Recuperandos da Dependência de Álcool / Luiz Alberto Bahia: abril 2011

domingo, 17 de abril de 2011

Resposta à Tania

Welcome to our blog, dear visitor.
If you are not Brazilian, we would like to ask you gently to inform us from what kind of media you came to know our blog, or even our ideas and works. You would make us a great favor if you could inform us the name of the vehicle (newspaper, journal, TV, blog, etc), as well as the title of the article or report that announced us.
We suggest that you make us this favor by using the link “o comentário”, or even sending an e-mail to lzbahia@gmail.com.
We also accept – and this is extensive to our visitors, including from Brazil – suggestions of themes to be put in dispute. We are entirely available to clarify or inform about any matter related to drug addiction.
We would also like to inform that by now, our blog has been visited by foreigners from the following countries, in decreasing order of number of people: United States, Netherlands, Germany, Russia, Portugal, Spain, Mexico, Canada and Argentina.
Best wishes,
Luiz Alberto Bahia

TRADUÇÃO:
Bem-vindo ao nosso blog, prezado visitante.
Se você não é de nacionalidade brasileira, solicitamos-lhe a especial gentileza de nos informar por qual meio midiático tomou conhecimento de nosso blogue, e/ou obras e ideias. Prestar-nos-ia um grande favor se nos informasse o nome do veículo (jornal, revista, TV, blog, etc.), bem como o título do artigo ou reportagem que noticiou sobre nós.
Solicitamos-lhe que nos faça este favor por intermédio do link “o comentário”, ou pelo endereço eletrônico lzbahia@gmail.com.
Aceitamos também – extensivo a todos o visitantes, inclusive do Brasil – sugestões de temáticas para serem colocadas em debate. Colocamo-nos ao inteiro dispor de todos para esclarecer ou informar sobre quaisquer questões relativas à drogadição.
Informamos ainda que até o presente momento, nosso blogue está sendo visitado por cidadãos estrangeiros, dos seguintes países, por ordem decrescente de número de pessoas: Estados Unidos, Holanda, Alemanha, Rússia, Portugal, Espanha, México, Canadá e Argentina.
Com meus agradecimentos,
Luiz Alberto Bahia

RESPOSTA À TÂNIA:

Uma pessoa que se identificou como Tania, fez um comentário no blogue do Luiz Nassif que eu respondi. Como minha resposta demorou para ser publicada, fiz aqui o registro. Abaixo, em primeiro lugar transcrevo o texto do comentário exatamente como ela escreveu, e em seguida, a minha resposta.
“A 10ª tradição me aconselha a não entrar em controvérsias, a não responder a esse tipo de ataque, mas ainda não estou tão bem no programa, e então não resisto a dar o meu pitaco...
Então eu digo: só quem não se informou direito pode dizer que o 4º passo é uma ‘declaração de culpa’!!!! que pesquisador é esse???? Em qualquer curso básico de graduação se diz que a primeira coisa para se entender um texto é LÊ-LO – esse sr Bahia diz que não tem nenhuma companhia de bebidas por trás da sua obra (ele ‘obrou’ bem, com certeza, rsrsrsss) mas que ELE tem uma visão totalmente tendenciosa e nada livre, dá prá se notar claramente...
Para afirmar o que ele afirma, sequer o livro-base do AA elel leu!, (ou pior - vai ver leu,E NÃO ENTENDEU... tá cheio de analfabetos funcionais por aí – é assim”

Querida Tania,
Não tenho o hábito de responder a ataques pessoais (que você inverte o ônus da autoria) como os que você me dirige, inclusive usando termos como ele “‘obrou’ bem”. Sinceramente, acho que você mesma merecia ser lembrada por alocução mais respeitosa e magnânima, que pudesse acrescentar valoração conceitual em tema de importância tão relevante. Porque minha proposta é esta: provocar um debate de alto nível, em que soluções mais producentes sejam encontradas para um gravíssimo problema que vem assolando a humanidade desde os primórdios de sua existência; em que menos de 1% estão em tratamento, segundo a OMS. Você, como todo ser humano merece (ainda que não se dê) o devido respeito e se colocar em posição mais condizente com a (nossa) parcela mais nobre, que todos nós portamos no recôndito de nosso ser.
A todos que lerem sua manifestação (pelo menos de agora em diante) eu pondero:
Eu li sim, e detidamente, o Quarto Passo que diz “Fizemos minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos.”
Embora neste passo seu autor, Bill Wilson, esteja praticando “projeções Freudianas”, ele diz de maneira inequívoca que para fazer este passo: “nos agarramos com relutância a esses graves defeitos de caráter que nos tornaram bebedores-problema em primeiro lugar, falhas essas que precisam ser enfrentadas, a fim de evitarmos um novo refúgio no alcoolismo”. Neste Quarto passo, o adepto de A.A. é instado a fazer um detalhado e corajoso inventário de seus defeitos de caráter, para se livrar da dependência. No texto do Quarto Passo só se chama a atenção para denunciar o suposto desvio de caráter do doente, que é instado a fazer o mea-culpa. Lá é dito que “precisarão reinquirir-se impiedosamente para determinar até que ponto seus defeitos de personalidade demoliram sua segurança”. No ponto final do julgamento vem a sentença abominável: “Sejam quais forem os defeitos, acabaram por nos enforcar no alcoolismo e na miséria”.

Acontece, cara Tania, que ao escrever meu livro, dando minha pequena contribuição à causa dos dependentes, eu previa que haveria enormes resistências por parte da esmagadora maioria dos membros da irmandade de A.A., não porque sejam “analfabetos funcionais” mas sim, porque todos os adeptos de “sistemas doutrinários” reagem cegamente em defesa de suas crenças. E foi por isso que logo no início do livro citei o seguinte pensamento:

 “Algumas vezes pretendemos que algumas coisas sejam verdades não porque existem indícios para isto, mas porque desejamos que isto seja verdade. Confundimos a realidade com as nossas esperanças e ansiedade.”
Carl Sagan

Acho oportuno passar mais alguns esclarecimentos, segundo minha opinião, aos visitantes deste blogue:

ALCOÓLICOS ANÔNIMOS MAIS ATRAPALHA DO QUE AJUDA

Notamos a grande dificuldade que as pessoas têm ao analisar a atuação de A.A., mostrando desconhecimento da realidade envolvida na questão. A maioria dá valoração exagerada, creditando à irmandade, a recuperação de dependentes de álcool, em uma quantidade superdimensionada. Na verdade, a OMS afirma que menos de 1% dos dependentes de álcool estão em tratamento, e destes, apenas algo em torno de 0,3% estão filiados ao A.A. A esmagadora maioria dos dependentes de álcool sente-se estigmatizada por ser portadora da doença, e a razão disso, em grande escala, pode ser atribuída ao próprio A.A., pelas razões anteriormente aqui expostas. Se forem levadas em consideração, baseando-se na mesma informação da OMS, que mais de 99% dos dependentes se negam a se tratarem devido a sectária atuação da irmandade, se chegará, sem paixões, a conclusão de que Alcoólicos Anônimos presta um estupendo desserviço a humanidade. Infelizmente.


NOSSA PROPOSTA ALTERNATIVA

Os dependentes de álcool, em sua grande maioria, clamam a ausência de atendimento médico qualificado que satisfaça às suas necessidades e anseios. Primeiro falta assistência preventiva e, em consequência disso, instala-se a patologia; depois, por falta de diagnóstico precoce há um açodamento da doença; e por fim, falta auxílio eficaz para se deter e controlar essa mesma doença. Nessa última fase, quando o dependente sente os efeitos mais contundentes da moléstia e quase sempre busca amparo para suas agruras, percebe que a medicina que diagnostica sua patologia, inclusive fazendo constar em relatórios médicos o CID, não disponibiliza de suporte terapêutico para a manutenção da sobriedade. Essa mesma medicina cuida apenas dos efeitos secundários da doença, ou das doenças correlacionadas, tanto a respeito dos órgãos (todos) afetados pelos efeitos do álcool, quanto dos problemas de ordem psiquiátrica advindos de seu uso prolongado. Para a dependência de álcool propriamente dita, os médicos apenas recomendam a abstinência, sopese os inquestionáveis conhecimentos que já acumulam em outros pontos específicos.
Produzida essa lacuna pela inação da ciência, resta ao dependente lançar mão dos recursos adquiridos por meio da experiência de precursores que vivenciaram as mesmas circunstâncias. Para que isso seja viável, torna-se necessário ao buscador afiliar-se a um grupo de ajuda mútua, e aí ele depara com uma grande questão sobre os princípios de funcionamento desses grupos, que muitas vezes afrontam os próprios princípios dele ou conflitam com alguns de seus sentimentos, o que já foi explicado em páginas anteriores.
As entidades civis existentes que se dispõem a ajudar o dependente de álcool contam com valioso acervo humano, mas se fundamentam em preceitos extemporâneos e requerem, por parte de seus adeptos, a crença num Poder Superior que possa apoiar esses preceitos, e também em orações e credos religiosos, o que absolutamente não se configura como terapia, nem produz os efeitos que se espera dela. Os grupos existentes originaram-se do Alcoólicos Anônimos, ou são o A.A. propriamente, que por tradição entende que é preferível preservar esses preceitos a atualizá-los, postando-se assim numa condição sectária, e vendendo aos seus adeptos literatura ultrapassada, além de todos os inconvenientes e ineficácias de que já falamos. Existe uma enorme distância entre os grupos existentes e a realidade desejável para o dependente de álcool contemporâneo. Diante desse quadro resolvemos fundar o GREDA, como ponto de partida para achar soluções para esse impasse. Como vimos, o primeiro grupo de ajuda mútua para dependentes de álcool nasceu numa época em que apenas poucos médicos perspicazes entendiam que a dependência de álcool era uma doença, e apenas parte deles tinha a coragem de assumir publicamente essa convicção, uma vez que tal atitude representava afrontar os códigos morais vigentes na época. Esses códigos morais emanavam principalmente da Igreja Cristã. Conforme já dissemos, a radical oposição da Igreja fundamentou-se no conceito de que os médicos “estavam elevando a depravação ao status de doença”. A Igreja ainda insistia em afirmar, na qualidade de guardiã da sociedade, que o dependente de álcool era uma “criatura pecadora” que inspirava piedade, “que preferia o vício (sic) à virtude” e que era responsável pelos seus inúmeros problemas. Proclamava a Igreja que “os dependentes devem ser desprezados e merecedores de dó, e que os abstêmios seriam virtuosos e admiráveis”. Tais preconceitos foram incorporados pelo A.A. e absorvidos pela sociedade. Dessa forma, tratavam-se os dependentes de álcool como se fossem portadores de graves transtornos de caráter, pessoas que não tinham personalidade para levarem uma vida pautada nos bons costumes e que deliberadamente assumiam fraquezas e desajustes interiores. As frustrações foram vivenciadas pelos dependentes de álcool que, buscando a solução para seus problemas, aceitaram as humilhações e sugestões de leigos e fizeram uma peregrinação pelas religiões inutilmente. Então quando lhes dizem (e dizem quase sempre) que sem conversão não há recuperação, eles desanimam. Os dependentes que chegam a esse ponto estão descrentes com propostas teológicas e humilhados demais para terem de aceitar que a causa dos seus problemas está em seus defeitos de caráter. Estamos, assim, apenas tentando impedir que coloquem uma cruz adicional em seu dorso e tratando da questão como ela é, um caso de doença, que exige dignidade no seu trato. Por tudo o que foi dito até aqui, e também por nossa própria experiência de não aceitar a ajuda dos grupos existentes na época em que buscávamos uma saída (o que até tentamos - nos levou a trilhar por outros caminhos em busca da recuperação), é que chegamos à conclusão de que faltava um grupo que pudesse abrigar um enorme público - certamente a esmagadora maioria - que, devido à falta de alternativas, inclusive por falta de opção pelos seus próprios meios, sucumbe desgraçadamente. Um grupo que explicasse a natureza da patologia e os orientasse enquanto pacientes, nos mesmos moldes que são orientados os pacientes acometidos por outras doenças. Sem preconceitos ou outros rótulos discriminatórios. O GREDA – Grupo de Recuperandos da Dependência de Álcool, que estamos fundando, poderia servir estritamente como salutar opção, ou mesmo para preencher parte da lacuna existente. O GREDA  seria abrigo temporário para aqueles que não aceitam a doutrinação dos grupos de ajuda mútua existentes, já que a proposta não é de tratamento para o resto da vida. Não temos a pretensão megalomaníaca de preencher toda a lacuna existente, todavia se o GREDA preencher uma pequenina parte dela nos daremos por satisfeitos. Mesmo se não alcançarmos essa modesta previsão, mas se conseguirmos com nossos intentos, estabelecer um profícuo debate em torno da questão, ainda assim poderia se considerar que os objetivos foram atingidos.
A esmagadora maioria dos dependentes adere a programas que são verdadeiras dependências, ficando assim com o mesmo problema de dependência. Não adianta nada sair de uma dependência e entrar em outra. Já dissemos aqui que, o dependente de álcool e, por extensão, de qualquer droga, precisa é acima de tudo se libertar. Libertar-se verdadeiramente de quaisquer escravidões, afinal o que ele precisa é livrar-se da condição de adicto, que, como já vimos, significa “adjudicar a outrem para ser usado como escravo”. Chega de armadilhas, queremos ser absolutamente livres. E essa é a proposta deste programa estacado nestes 7 pilares: concorrer na recuperação do dependente de álcool observando-se o estrito respeito à dignidade e à liberdade humana. Acolher o semelhante que necessita de ajuda até que ele se recupere totalmente e depois abrir-lhe as portas para que saia de volta para a vida. Assim nosso lema bem que poderia ser:
O dependente precisa apenas de um tratamento, e o GREDA deve ter este objetivo: o de demover o indivíduo da morte e devolvê-lo à vida.”

terça-feira, 5 de abril de 2011

ATUALIZAÇÕES PERIÓDICAS

Atualizaremos periodicamente as informações aqui postadas, inserindo trechos do livro "O mito da doença espiritual na dependência de álcool (Desmistificando Bill Wilson e Alcoólicos Anônimos)"

1º trecho:

“Em seu desespero e desamparo, Bill gritou: ‘Farei qualquer coisa, qualquer
coisa que seja!’ Ele havia chegado ao ponto de total esvaziamento – um estado de
rendição completa e absoluta
Deus existe, que Se revele!’
O que aconteceu em seguida foi eletrizante. ‘O quarto foi subitamente inundado
por uma luz indescritivelmente branca’.” (
páginas também são do mesmo livro e página aqui indicado)
Bill relata que foi arrebatado por um êxtase impossível de ser descrito. Sentiu
uma alegria que jamais sentira, seguida de uma inconsciência durante algum tempo
(exatamente igual a uma exacerbação de euforia, como nas alucinações). Seguindo
sua narrativa, Bill diz que “
havia uma montanha. Eu me achava no cume da mesma, onde soprava um vento
muito forte. Um vento feito, não de ar, mas sim de espírito. Forte e poderoso, o vento
soprava diretamente através de mim.”
Conforme iremos discorrer mais adiante, inclusive fazendo as citações cientí
de trabalhos realizados por especialistas, entendemos muito bem quando Bill
15. Sem nenhuma fé ou esperança, ele gritou: ‘Se é queL.A., p. 130 – as outras citações nestaentão vi, com os olhos da mente (o grifo é nosso), queficas
fala em “ver com os olhos da mente”, quando ele fala que o vento é feito de espírito e
não de ar, e ainda que o vento soprava diretamente através dele, pois na alucinação,
a realidade alucinada é muito mais “viva”, muito mais intensa, muito mais empolgante
e tem conotações de realidade muito maior que a própria realidade, que não
precisa de contornos especiais para acontecer, ou seja, que não envolve busca. É o
inconsciente que traz à tona o passado psíquico do indivíduo para se manifestar.
Muitos relatos de adeptos de religiões e seitas que utilizam drogas alucinógenas em
seus rituais, são parecidos com a narrativa de Bill. Veja que a montanha da infância
de Bill foi uma representação psíquica muito importante para ele, pois ele sonhava
ser grande igual a ela, e ela o acompanhou pela vida afora.
Bill continua, dizendo que então lhe ocorreu o
um homem livre”. Depois, não se sabe por quanto tempo durou esse transe, porém a
sensação passou e ele pôde ver novamente as coisas à sua volta e, em seguida, após
fulgurante pensamento “você é
se acalmar, sentiu uma paz profunda, ficando “agudamente” consciente de algo que
ele chamou de “um verdadeiro mar do espírito vivo.” (
contam que ao sentir essa sensação de euforia, ou alucinação, ficam extrema
cônscios, possuídos de muita lucidez e percepção, achando inclusive que são
dotados de poderes para elevarem-se acima do chão ou passarem qual fantasma por
paredes. Muitos pensam que podem ler a mente das pessoas. Pensam que podem
enxergar doenças nas pessoas e curá-las. Se sentem tão encorajados, pensam e agem
com tamanha segurança que, são capazes de realizações e feitos que em estado nor
de consciência dificilmente o conseguiriam. Contudo a maior parte do que lhes
L.A., p. 130) Vários dependentesmentemal
passam pela cabeça é fantasia pura. Muito parecido com as alucinações provocadas
15 Pressupostos que segundo alguns teólogos são indispensáveis para que ocorra a
experiência de conversão. Colocada aqui sugestivamente.
pela LSD
sobre esse encorajamento que se apossa do indivíduo nessas situações; a LSD
é usada na presença do que se denomina “anjo da guarda”, que é a pessoa que vai
controlar os impulsos do usuário. Sob os efeitos da LSD, o usuário pode pensar que é
capaz de voar e se jogar do alto de um edifício, ou deter a marcha de uma locomotiva
obstruindo sua passagem com as mãos.
16. A propósito, a LSD se presta muito bem para também servir de exemplo
Bill continuou curtindo aquele seu estado emocional e refletindo. Pen
que aquilo deveria ser o Deus dos pregadores, uma realidade que ele não
conhecia, nos seus dizeres, sentia-se possuído pelo absoluto, entendia a perfeição
do universo e achava que não precisava se preocupar com mais nada,
pois sabia que era amado e podia amar em retribuição; “havia vislumbrado
o grande além.” (
souL.A., p. 131)

O pseudo-despertar espiritual de Bill