VISITANTES Greda - Grupo de Recuperandos da Dependência de Álcool / Luiz Alberto Bahia: maio 2013

terça-feira, 28 de maio de 2013

Continuação do debate:

Na continuação do debate, suprimi a maioria dos depoimentos de um membro de AA, por estar ele muito confuso, sem entender o que na realidade esta acontecendo, fixando-se em expor apenas suas convicções extremadas. Penso que se justifica tal procedimento, devido a enorme quantidade de textos e informações (que julgo importantes), seria improdutivo ocupar tanto espaço aqui com depoimentos sem nexo. Mas quem quiser tomar conhecimento dos tais depoimentos, é só acessar o blogue "Dicernimento Cristão", na seção "O espiritismo de Alcoólicos Anônimos" que os encontrão facilmente.

domingo, 12 de maio de 2013

Continuação do debate, em seus trechos mais importantes:

Mercia chagas Diz: 11/05/2013 às 17:35
Caros amigos!! Libertar-me do AA foi a melhor coisa que me aconteceu!! Ingressei pela primeira vez e depois de seis meses sofri assédio sexual, o qual foi ignorado pelos companheiros, que quiseram me convencer de que aquilo não era nada sério e eu devia perdoar! Fizeram-me até sentir culpa pelo ocorrido! Sentia-me tão mal nas reuniões, aonde o predador estava presente e fazia seu partilhamento sobre suas virtudes, que acabei literalmente fugindo daquele ambiente, Fiquei afastada, mas impregnada pela lavagem cerebral que lá sofri, aonde fui informada que se me afastasse do AA morreria, enlouqueceria ou coisa pior!! Depois de dez anos longe de AA, tomei um remedio sem o meu conhecimento que continha alcool e comecei a aumentar as doses. Depois de dois meses, resolvi que tinha de voltar para AA, pois a “maldição” que ficou na minha cabeça, de que o meu afastamento me levaria a morte começou a assombrar a minha vida!! Desesperada liguei para um companheiro que conhecia, e ele mais do que depressa me convenceu de que eu realmente poderia morrer e convidou-me a ingressar novamente, agora sob seu apadrinhamento!! Relutei alguns dias, mas ele insistia me telefonando e dizendo que estava preocupado comigo, e com as consequências da minha ausência em AA! Finalmente cedi ao seu pedido e fui levada por ele a uma reunião, onde ingressei novamente e aonde orientada por ele, escolhi como meu padrinho!! Após o meu ingresso não parava de chorar, fiquei totalmente fragilizada, ouvindo sempre que o meu afastamento havia criado todos os problemas pelos quais estava passando. Todas as noites ele (meu padrinho) fazia questão de me levar às reuniões. Até que numa noite após o termino da reunião, de carona na volta, ele sugeriu que eu viajasse com ele, para fazer o QUINTO PASSO, onde eu devia confessar a ele todos os meus defeitos de caráter!! Numa outra noite, ele me agarrou no carro e à força me beijou!! Fiquei deseperada, porque achava que não podia desistir de AA, mas também não suportava a ideia de que tinha de me envolver com meu padrinho. Fugi dele, ingressei em outro grupo onde foi acolhida por duas companheiras, pessoas muito afetuosas, que me convenceram a lá permanecer! Contei minha historia para elas, e fiquei surpresa com as historias idênticas pelas quais tinham passado. Permaneci nesse grupo por alguns anos e na verdade não pelo AA, mas sim pela amizade dessas duas companheiras! AA acabou virando um ponto de encontro com minhas duas amigas! Mas acabei deixando o grupo quando as duas deixaram de participar por outras razões!! Estou livre de AA a seis anos totalmente sóbria, livre, feliz. Não me sinto mais culpada pelo meu alcoolismo e sei que não foi provocado pelos meus defeitos de caráter, e sim por causas físicas, genéticas, psicológicas!! Durante o tempo que lá permaneci vi dois casos de suicídio, que aliás foram vistos pelo grupo como fraqueza de caráter desses companheiros!! Não é a toa que nos Estados Unidos estão se formando grupos de libertação do AA. A coisa é séria, muito mais séria do que supomos!!! É necessário que as pessoas sejam sim alertadas! Sou a favor do livre arbítrio, mas consciente!!!
matusalem cordeiro de melo Diz: 12/05/2013 às 6:26
REALMENTE AA É UM LUGAR PARA DOENTES, A PROCURA DE RECUPERAÇÃO,COMO DISSE ANTERIORMENTE VAI DEPENDER DE CADA UM.
A.A. não é um lugar adequado para doentes, ali são tratados de forma preconceituosa, discriminatória e moralista. Muitos que necessitam medicação (a maioria dos dependentes tem transtornos psiquiatrítcos) ali é convencido a não tomá-los, razão dos suicídios mencionados pela Mércia e pelo link postado pelo ex-membro de A.A. Você não quer ou não pode entender isto sr. Matusalem, haja visto as explicações que o Sr. Bahia te deu e não entendeste nada. Muitas coisa em A.A. está muitíssimo errada, mas a lavagem celebral que te fizeram o impede de enxergar isso. De coração eu te digo: Vá correndo a um psicólogo e psiquiatra para se tratar direito, pois demonstra precisar disso.
Ex-membro de AA Diz: 12/05/2013 às 8:41
Sr. Matusalem
que a pessoa que bebe compulsivamente está doente não há dúvidas, mas continuar agindo de maneira deplorável intencionalmente mesmo após estando sóbrio é lamentável, uma prova de que AA não está de fato melhorando ninguém.
Como a história da Mércia, já ouvi muitos relatos de membros que se aproveitaram do estado de fragilidade ao qual se encontravam as mulheres para seduzi-las, esta prática é desprezível e deplorável para uma autodenominada “irmandade” que afirma existir para o bem comum, isto é, tratam-se de lobos em pele de cordeiros, fingem estar dispostos a ajudar mas querem, de fato, se aproveitar.
Cuidado, as pessoas não são trouxas: a falsa moralidade de AA já está desmascarada, espero que não demore,aqui no Brasil, para surgir processos na justiça contra AA, a exemplo dos EUA, o AA de lá foi obrigado a admitir os danos causados pelos seus preceitos e atitudes mal propositadas de seus membros.
Mercia chagas Diz: 12/05/2013 às 11:43
Sr Matusalém
Se AA é um lugar para doentes, procurando recuperação, este foi o meu intento quando lá cheguei! Não estava brincando de alcoólatra! Cheguei lá depois de beber por anos convulsivamente, de capotar com carro após embriagada, de acordar de madrugada com tremedeiras horríveis em busca de álcool, de ter delírios causados pela abstinência! Eu tenho sim problemas seríssimos com o álcool, e não fugi do AA para beber, mas sim, para cuidar de minha doença, o que aliás foi conseguida usando de forma adequada anti-depressivos, prescritos por um médico que me equilibraram. Lógico que tenho sequelas, mas pelo menos, voltei a pertencer à raça humana, coisa que dentro dos grupos de AA, não acontecia, pois me ensinaram que eu era diferente! Quando estava em AA me alienava das pessoas que não pertenciam à Irmandade, tanto é que quando de lá saí, quase não tinha amigos. Agora já voltei a me ressocializar, convivo muito bem com as pessoas que não pertencem à Irmandade, não me sinto diferente de ninguém, apenas alguém que tem limitações, aliás como a maioria dos seres humanos que as possuem!! Quero que saiba que também encontrei algumas pessoas decentes em AA, mas com seríssimos problemas, que mereciam ser medicadas, em busca de melhor qualidade de vida!!

Ex-membro de AA Diz:
13/05/2013 às 23:23
O AA jamais deveria intervir em assuntos aos quais não está capacitado para atuar,nem mesmo tendo competência para isso,saúde mental é um negócio sério e afirmar para as pessoas que não é bom tomar remédios é algo perigoso. Eles partem da afirmativa de que “quem toma remédios não está realmente sóbrio” ora,como podem afirmar tal absurdo? até quando continuarão negando os avanços da medicina no tratamento da depressão e outros transtornos mentais? a consequência da negligência de uma quadro depressivo pode ser o suicídio, como já aconteceu com diversos membros. não adianta culpar as pessoas “porquê são doentes” pois se então as pessoas são doentes o AA tem que parar de brincar de ser médico,porquê competência para tratá-las o AA não tem.
Sr Matusalem!
Creio que o senhor não tenha realmente entendido a participação de várias pessoas aqui nesse blog! Em nenhuma postagem vi qualquer um de nós responsabilizando AA pelo alcoolismo.O senhor fala em culpados, mas não é esse o assunto e sim nossa discordância sobre como age a Irmandade em relação ao suposto tratamento que é oferecido!! Eu participei da Irmandade!! Não estou falando de ouvir dizer, e sim por experiências vividas! Eu mesma, joguei meus remédios prescritos pelo médico no lixo! Caí na asneira de fazer meu depoimento falando sobre isso, e ainda fui estigmatizada! Mesmo sem uso do remedio, se chegava triste, ou se chegava chorando na reunião, tinha alguém para dizer em tom de fofoca: Ela não está sóbria, deve ter tomado remédio! O lema da Irmandade de AA é pregar o medo!!! Retornei a minha carreira profissional, e ouvi conselhos de que era perigoso voltar a beber!! Isso porque na minha vida profissional eu não lido com bebidas, dou aulas!! Outro fato deprimente é como são julgadas as mulheres em AA. Uma falsa aceitação, recheada de preconceitos. Cheguei a ouvir depoimentos com diferentes palavrões, e quando o membro foi “advertido” por outros membros de que haviam mulheres na sala, o mesmo em alto e bom som disse: Mulher de AA já ouviu todas as baixarias na sua vida de bêbada, pode continuar a ouvir!!!!! Que espécie de progresso espiritual é esse, que discrimina, menospreza, amedronta os participantes da “seita”. O mais interessante é que os assédios que sofri não foram de membros ingressantes, mas sim de pessoas com 20 anos de frequência na Irmandade! Falam que quem se afasta de AA vira bêbado seco, mas acho que os mesmos estão lá dentro!! Constantemente justificam seus erros dizendo: “Sou uma pessoa doente!!!” e através disso continuam a assediar, ridicularizar, fofocar, etc, etc e tal!!!
Ex-membro de AA Diz:
16/05/2013 às 15:29
Sr. Matusalem
A CURA É NÃO BEBER MAIS. é necessário que haja transformação de mente; de hábitos; ambientes e amizades; que se procure ajuda médica, espiritual, psicológica. ter a decisão de querer melhorar dia a dia, sem se rotular como um caso perdido! Uma coisa posso dizer: quem tiver sua casa construída na rocha (JESUS) esta não vai desabar, O Senhor nunca desampara um filho. CREIA.ORE. CLAME. AJOELHE-SE
Não é a toa que muitos saem do AA com vontade de beber ; lá se fala demasiadamente em bebida e neuroses de todo tipo, além de palavrões de baixíssimo calão,escárnio e zombaria…como podem assim pretender serem “sóbrios e serenos” ?
Obviamente que a desculpa de serem doentes é a justificativa ideal para todo tipo de deslize.
Creio na cura tendo como condição básica a abstinência permanente do álcool, trabalhando para superar os conflitos, decidindo-se merecedor da dádiva divina da felicidade,saúde e outras coisas boas que o Senhor proporcionou ao homem.
Ex-membro de AA Diz:
22/05/2013 às 20:17
Sr. Matusalém
Não tenho a menor dúvida de que a uma hora a vontade de beber e a obsessão pela bebida acaba. portanto, creio na cura sim, embora AA diga que são todos doentes “portadores de uma doença incurável e traiçoeira” isso não tem respaldo médico, pela medicina cinco anos sem beber é o suficiente para considerar um ex-bebedor curado, ele já pode inclusive receber um transplante de figado. porem, ele não poderá voltar a beber.
Um dos problemas do AA tentar fazer um diagnóstico de quem é alcoólatra é que ele nivela todos igualmente: O bebedor frequente, o bebedor problema,o bebedor pesado, o bebedor social, enfim essa é a primeira falha no programa de AA. Vai me dizer que um adolescente que está na fase das baladas e neste período tem exagerado mais na frequência da bebida é um alcoólatra incurável? pode ser que ele pare ou não, mas não determinar. Uma pessoa que fez uso de álcool durante uma fase depressiva de sua vida é alcoólatra incurável? também não podemos afirmar isso (principalmente se a pessoa não foi ainda tratada e diagnosticada).é ai que chamamos o AA de seita,pois ou a pessoa admite seu programa incondicionalmente e sem questionar ou será injuriado pelos membros mais antigos.
no mais, eu acredito que o nome da cura é Jesus. Pra alcança-la é preciso entregar sua vida totalmente a Ele. Pra tudo tem jeito, basta fé e perseverança. Se não fosse assim, não existiriam tantas pessoas que foram ex-alcoolistas que se libertaram e hoje levam uma vida exemplarmente bem sucedida e totalmente longe do álcool. Portanto meu caro, o AA não é porta voz da verdade sobre alcoolismo. Se este tratamento lhe faz bem,ótimo,admiro a sua longevidade e persistência, mas saiba que ao contrário do sr., muitos não se recuperam lá e seria ótimo que o AA começasse a reconhecer este fato.
Mercia chagas Diz:
25/05/2013 às 21:09
Caros amigos leitores:
Leiam os efeitos devastadores nos seres humanos submetidos à lavagem cerebral! O psiquiatra americano Robert P. Lifton, professor de universidades como Harvard e Yale, analisou esse processo, que ele chama de Reforma de Pensamento, e descreveu suas principais características.
Lavagem em 8 passos
Controle de pensamento: Na doutrina da lavagem cerebral , não é permitido ler material ou falar com pessoas que tenham ideias contrárias às do grupo. Em alguns casos, a vítima é geograficamente isolada da família e dos amigos.
Hierarquia rígida: São criados modos uniformizados de agir e pensar, desenvolvidos para parecer espontâneos. A vítima é convencida da autoridade absoluta e do caráter especial – às vezes, sobrenatural – de um líder.
Mundo dividido: O mundo é dividido entre “bons” (o grupo) e “maus” (todo o resto). Não existe meio termo. É preciso se policiar para agir de acordo com o padrão de comportamento “ideal”.
Delação premiada: Qualquer atitude errada, ainda que cometida em pensamento, deve ser reportada ao líder. Também se deve delatar os erros alheios. Isso acaba com o senso de privacidade e fortalece o líder.
Verdade verdadeira: O grupo explica o mundo com regras próprias, vistas como cientificamente verdadeiras e inquestionáveis. A vítima acredita que sua doutrina é a única que oferece repostas válidas.
Código secreto: O grupo cria termos próprios para se referir à realidade, muitas vezes incompreensíveis para as pessoas de fora. Uma linguagem muito específica ajuda a controlar os pensamentos e as ideias.
Meu mundo e nada mais: O grupo passa a ser a coisa mais importante – se bobear, a única. Nenhum compromisso, plano ou sonho fora daquele ambiente é justificável.
Ninguém sai: A vítima se sente presa, pois não pode imaginar uma vida completa e feliz fora do grupo perde muitas vezes a capacidade de discernir, ou seja, passam a imaginar que somente eles estão certos. Depois da mente controlada ou cauterizada buscam levar a seus membros a sensação de que, se eles saírem do grupo, coisas terríveis vão acontecer. Para quem está observando de fora, parece que essas pessoas estão felizes. Acontece que, na verdade, elas foram adestradas e orientadas a sorrir o tempo todo demonstram sempre satisfação de realização mas na realidade vivem uma ilusão e um grande conflito interior . São ensinadas a imaginar que não é uma experiência positiva perder seu livre-arbítrio, apagar sua identidade, desvalorizar seus brevês, viver com medo e com culpa.
Uma mente cauterizada é aquela que perdeu sua função, ou seja, a capacidade de raciocinar, tem dificuldade de filtrar informações, ou seja, perdem a sensibilidade, sejam elas de caráter visual, auditivo ou sensitivo. O poder da mente é um campo muito explorado pelos cursos militares, publicidade, pelas religiões, músicas, tudo para provocar sensações externas que posteriormente resultam em atitudes internas.
É o que podemos também chamar de “Zelo excessivo” uma superexposição a um “suposto sagrado” são substancias químicas artificiais e negativas que não contribuem de forma positiva para a possessão dos seres humanos. Pelo contrário, destroem a liberdade tornando-os incautos e fazendo-os perder a sensibilidade e a liberdade de ver, ouvir e pensar.
Prezada Mércia,
Sobre esse assunto, colo abaixo um trecho copiado do livro de minha autoria “O mito da doença espiritual na dependência de álcool (Desmistificando Bill Wilson e Alcoólicos Anônimos)”. No bloguehttp://www.greda-luizalbertobahia.blogspot.com poderá encontrar mais informações sobre este grupo carismático de culto a personalidade.
Assim se pronunciou Max Weber, o pai da sociologia, sobre como os profetas criavam o culto a suas personalidades e fundavam suas religiões: “O mágico foi o precursor histórico do profeta, do profeta e salvador tanto exemplares como emissários. Em geral, o profeta e salvador legitimaram-se através da posse de um carisma mágico. Para eles, porém, isto foi apenas um meio de garantir o reconhecimento e conseguir adeptos para a significação exemplar, a missão, da qualidade de salvador de suas personalidades. A substância da profecia do mandamento do salvador é dirigir o modo de vida para a busca de um valor sagrado. Assim compreendida, a profecia ou mandamento significa, pelo menos relativamente, a sistematização e racionalização do modo de vida, seja em pontos particulares ou no todo. Esta última significação tem ocorrido geralmente com todas as verdadeiras “religiões da salvação”, ou seja, com todas as religiões que prometem aos seus fiéis a libertação do sofrimento. Isso é ainda provável quanto mais sublimada, mais interior e mais baseada em princípios é a essência do sofrimento, pois então é importante colocar o seguidor num estado permanente que o proteja intimamente contra o sofrimento.” (Ensaios de Sociologia e Outros Escritos, p. 244)
Ainda de Max Weber, conforme já vimos, citado por Richard Noll, “Já se cristalizou a noção de que certos seres se ocultam ‘por trás’ de objetos naturais, artefatos, animais e pessoas carismaticamente dotados e são responsáveis pela atividade deles”. Sobre isso Noll observou que, desta forma o líder carismático é tido por seus seguidores como fonte de poderes universais que, através das lentes de sua personalidade individual, são focalizados e intensificados como raios cósmicos.
Com os esclarecimentos de Max Weber, podemos ver com inquestionável nitidez, que Bill seguiu rigorosamente todos os passos, técnicos e históricos, demonstrando conhecimento da cartilha de como construir uma religião e seu profeta. Usou de seus conhecimentos desta cartilha para a criação e organização de seu grupo, nos moldes sectários idealizados por ele. Por sinal, os passos e os objetivos de Bill são extremamente parecidos com os de Jung, e por isso citamos Noll exaustivamente. Voltando as premissas de Max Weber sobre os aspectos caracterológicos dos grupos carismáticos, temos: “Um grupo carismático pode consistir numa dúzia de membros ou até mesmo em centenas ou milhares. Caracteriza-se pelos seguintes elementos psicológicos: seus membros (1) têm um sistema de crenças em comum, (2) mantêm um nível elevado de coesão social, (3) são tremendamente influenciados pelas normas comportamentais do grupo e (4) atribuem ao grupo ou a sua liderança um poder carismático (ou às vezes divino).” (O Culto de Jung, p. 19)
Max Weber é muito feliz em suas definições conceituais, uma vez que elas delineiam com precisão cirúrgica o que seja um grupo carismático. Ao se aplicarem esses conceitos ao A.A., que ainda nem existia, de forma cabalmente e exemplar, o filósofo prova que não estava teorizando vagamente, mas sabia do que estava dizendo.
Ao nominar e quantificar um grupo carismático, Weber explica que ele pode ser composto por uma dúzia de membros, ou até mesmo por milhares deles. A.A. começou com aproximadamente este número menor citado pelo sociólogo, e atualmente conta com milhares destes, e permaneceu inalterado quanto à sua caracterização. Sectário.
Em relação ao número um da relação acima enumerada, quanto ao sistema de crença em comum de um grupo carismático, a sociedade de A.A. talvez esteja tão bem caracterizada como nenhum outro. O sistema de crença dela está fundamentado em vários livros, literaturas diversas e artigos. Os Doze Passos, que deram origem a um livro com cento e doze páginas, e também estão contidos em inúmeros artigos, são os princípios espirituais conforme disse Bill e repetem os dirigentes e membros da irmandade. Não vamos entrar em detalhes quanto aos demais livros de A.A. simplesmente por falta de necessidade, mas podemos generalizar, dizendo que eles estão perfeitamente enquadrados neste preceito gerador de crenças, ou no fortalecimento delas. São eles: Viver Sóbrio, A.A. Atinge a Maioridade, Alcoólicos Anônimos,
Na Opinião de Bill. Existem ainda livros que, embora não específicos, servem muito bem para esse objetivo, como A Linguagem do Coração e Levar Adiante. A.A. conta com vasta literatura que se presta a finalidade de fomentar e suprir o sistema de crença em comum. Talvez nenhum grupo carismático tenha um sistema de crenças tão grande e robusto como A.A. e até entre religiões milenares, não são muitas as que possuem acervo maior do que esta irmandade.
Do enumerado dois, de manter elevada coesão social, A.A. chama especialmente a atenção neste sentido. O entrosamento dos membros em torno desta entidade, ricamente organizada em termos administrativos e ideológicos, contando com uma bem aparelhada infraestrutura operacional, proporciona uma coesão social de destaque internacional. Essa coesão dos membros de A.A. é tão notável que acaba até
criando um paradoxo muito curioso. Eles estão tão unidos em torno de seus dogmas, ideais e filosofias, que acabam criando extensas e intensas discussões internas em torno de insignificâncias e controvérsias, que foram prodigamente geradas por Bill, devido a suas incoerências e capacidade geradora de polêmicas. Contudo, esse paradoxo fica restrito aos círculos interno do grupo, e fica latente aos olhos da população. Para o restante das pessoas, essas celeumas não são facilmente visíveis, muito pelo contrário, eles deixam a entender que são extremamente unidos.
Concernente ao item três, bem provavelmente esteja aí o que o grupo carismático de A.A. tenha de mais marcante. Talvez a influência que recebem pelas normas seja provavelmente igual ao sistema de crença da irmandade. Na verdade os adeptos de A.A. “são tremendamente influenciados pelas normas comportamentais do grupo”, que é capitaneada pelas Doze Tradições. Antes de prosseguirmos comentando as Doze Tradições, é bom que se diga que existe uma expressão dentro de A.A., que foi criada por Bill, chamada de “consciência coletiva do grupo”. Embora não se encontre nenhuma explicação ou reconhecimento pela psicologia ou pela sociologia sobre esse suposto fenômeno, na irmandade é usada a expressão como significado de identidade grupal.
Mercia chagas Diz:
27/05/2013 às 21:42
Sr Luiz Alberto Bahia
Gostaria de lhe agradecer imensamente pela postagem, que pôs fim ao restante que poderia ter de dúvidas com relação ao grande engodo de AA! Admiro sua coragem, sua preocupação em desvendar de forma clara, com argumentos concisos, para que pessoas como eu possam se desligar sem culpa dessa seita que prega o medo, a irresponsabilidade de agir ao seu bel prazer, sempre ancorados pela desculpa de que são doentes!
Um ambiente de falsa harmonia, de competição em quem vai ser o próximo a recair. A maioria com problemas mentais sérios, remoendo a toda hora suas desgraças, se chicoteando, num masoquismo assustador! Os poucos que ficam, como eu fiquei infelizmente por alguns anos, aprisionados pela maldição de AA, de quem se afasta enlouquece e morre!! Exatamente como pesquisado pelo senhor, modestamente por mim, quando pesquisei os efeitos da lavagem cerebral. Os efeitos são tão devastadores que eu embora desde o princípio contestasse quase tudo, fiquei acorrentada por vários anos!! Era preciso ser uma frequentadora assídua para não cair no circulo dos prováveis recaídos!! Não sei porque não se assumem como uma seita religiosa, seria muito mais louvável que assim o fizessem! Quando alguém vinha pela primeira vez à reunião, me sentia envergonhada de dizer que AA não estava ligado a nenhuma religião e logo depois fazíamos a Oração da Serenidade e os depoimentos eram voltados a um Poder Superior!! Via os olhos incrédulos dos sofridos ingressantes, cansados de tanto procurar nas religiões o segredo para a sua cura, não mais voltarem! Peço a Deus que tenham encontrado uma forma de recuperação! Infelizmente dos que ficaram, dois tive a tristeza de vê-los suicidarem-se! Resta a quem escapou, divulgar o máximo possível, para que as pessoas procurem reabilitação, sem que seja necessário se submeterem a uma lavagem cerebral, perdendo qualidade de vida!!
Ex-membro de AA Diz:
27/05/2013 às 22:58
Sra Mércia
Quão semelhante foram nossas experiências! vejo que pertencemos a uma rara categoria: “os libertos de AA” . presenciei grande parte dos eventos que relatou e concordo com suas observações sobre a seita.
Em AA muitos membros apenas substituiram a “alcoolatria” pela “egolatria”. é o que se pratica na reuniões.
matusalem cordeiro de melo Diz:
27/05/2013 às 23:50
DEPOIS QUE OS LIBERTOS, ENTENDERAM A MENSAGEM DE AA,PROCURAM A HIPOCRISIA PARA MERGULHAREM NA CHAMA DA AUTO PIEDADE.
Sr. Matusalém
Até o momento o debate estava apresentado um ótimo nível até seu comentário… saiba pois que ao contrário do Sr., as minhas críticas e as apresentadas pela Sra. Mércia, pelo Escritor Luiz Alberto Bahia, e por outros colaboradores são direcionadas a instituição e ao programa do AA, seus dogmas e a procedimentos vivenciados em reuniões, mas o Sr. parece fazer questão de não entender, ou não deseja entender. não estamos citando nomes ou uma pessoa em particular, mas vejo que, como vários companheiros seus que aparecem por aqui, tenta ofender,xingar e denegrir os que aqui estão dando um claro exemplo da irracionalidade e da doutrinação de quem,em tese, deveria esbanjar serenidade, sobriedade, respeito e recuperação.
Eu não preciso responder ao Sr., sei o quanto é sério e verdadeiro tudo que presenciamos no que vocês chamam de irmandade e consideram o melhor tratamento para alcoolismo, sei o tempo que perdi lá e as ciladas que encontramos,mas se o Sr., faz questão de não entender não é obrigado a entrar mais nesta página apenas para ofender. Agora, se o Sr., quiser ler toda a matéria e todos os comentários como eu fiz e analisar seriamente as razões pela qual aqui estamos e argumentar de forma coerente, ok. Apenas lhe alerto: Se, contudo, sua defesa for baseada exclusivamente nas suas convicções do programa de AA e não em evidências reais há um grande risco que esteja errado. Sugiro, portanto, que não piore ainda mais a situação de AA, confirmando as diversas críticas apresentadas no site.