VISITANTES Greda - Grupo de Recuperandos da Dependência de Álcool / Luiz Alberto Bahia: Respondendo ao comentário de "Companheiros de A a Z"

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Respondendo ao comentário de "Companheiros de A a Z"

O comentário foi feito na minha postagem abaixo (" Opiniões de quem denota conhecimento...")
Primeiramente vou colar o comentário e  logo a seguir vem a minha resposta.




Anônimo Companheiros de AaZ disse...
Na verdade (olha eu querendo fazer o papel de Deus, um deuszinho talvez...possa), todo candidato a recuperação da enfermidade chamada alcoolismo em a.a., inicialmente precisa romper com o distanciamento provocado pela sua mente alcoólica ao mundo das relações, vive um profundo isolamento em virtude de anos centrado em se mesmo, e no seu maior problema, o indivíduo alcoólico (o próprio), a causa, beber ou não beber, é apenas um sintoma grave. É ai que o grupo necessariamente entra preenchendo toda uma lacuna de anos deixada, seu instinto social precisa se reequilibrar ajudando assim no enfrentamento da necessidade orgânica... é uma luta!

Poucos são os casos que na sua primeira investida em A.A. consegue ter um franca e plena recuperação, e não por culpa do programa de recuperação, mas por incompetência mesmo, aceitar a solução de A.A. como algo externo, e maior a ele mesmo, é outro desafio de alguns anos! Além do mais há uma classificação categórica dos indivíduos alcoólicos em A.A: Bebedor Moderado; Bebedor Forte; e por último o Verdadeiro Alcoólico, esse, está condenado a uma revolução Moral, íntima e profunda, para ele essa é uma questão de vida ou morte! Mas o que importa, nada disso deva fazer sentido pra quem não passou pela via crúcis do alcoolismo, a experiência na carne em todos os casos, científicos ou não, religiosos ou transcendentes, com toda certeza faz toda diferença. Além do mais há um universo de equívocos e desinformação tratados aqui e ali, para esse tema. Veja: http://jornalhajafigado.blogspot.com.br/
8 de fevereiro de 2014 21:20

Prezado responsável pelo blogue “Companheiros de A a Z”,
            
Analisando o comentário postado pelo senhor, creio que o distinto está fazendo apologia de uma doutrina sem conhecer fundamentos importantes da temática da dependência de álcool que lhe dá origem. Parece que a única preocupação do bloguista é divulgar as ideias equivocadas que lhe foram incutidas pela irmandade de A.A. e o seu fundador, Bill Wilson. Certamente V.Sa. é movido por boas intenções, ainda que repetindo a mesma falta de senso crítico e a carência de análises mais aprofundadas, idênticas a todos aqueles (passíveis de doutrinação) que se deixam inculcar pelos princípios sectários da irmandade. Digo isso com todo o respeito que o senhor merece, mas (apenas) sendo fiel a realidade.
Embora o sr. deixe claro logo de cara ter consciência de sua presunção, firmando que isso poderia qualifica-lo como um “deuzinho”, o mesmo não se dá ao avaliar seu mentor, o co-fundador de A.A. Este disse várias vezes que, não só tinha conhecimento da mente de Deus, mas que O tinha visto, inclusive Sua morada. Bill disse isso inúmeras vezes e os seus biógrafos registram em seu livro biografia Levar adiante, uma delas está na página 131 assim: Agradeci ao meu Deus, que me proporcionara um vislumbre do Seu Ser absoluto [...] eu não precisava me preocupar mais porque havia vislumbrado o grande além”. Em seus delírios disse repetidas vezes da intimidade mantida com Deus, se colocando como um filho predileto dEle ou privilegiado, na verdade um megalomaníaco. Como disse o Jornalista Luiz Edmundo, em apanhado que nos enviou: “Tinha complexos messiânicos, Sentia-se e se declarava um escolhido de Deus para uma missãoespecial – a de salvar todos os alcoólatras do mundo.”  Apesar da doentia obsessão e da ajuda do Dr. Silkworth, em vez de atingir a delirante meta, conseguiu a doutrinação de apenas aproximados 0,3% destes, e tem prestado um desserviço, com resultado contraproducente, como apontou o trabalho do Dr. Dartiu, e também compatíveis com nossos achados.
A grande verdade é que os adeptos acreditam piamente em Bill não levando em conta os seus transtornos psiquiátricos. Ele foi diagnosticado como portador de “Alucinações de Grandeza”, e dentre outras coisas, mentia deliberadamente e forjava fatos e fraudava outros para atingir seus objetivos, conforme já expusemos fartamente em nossas publicações e reveladas também em debates pela internet. Essa falta de questionamento dos adeptos faz com que repitam os mesmos recursos equivocados do mentor da irmandade, quase sempre acusando o próprio dependente por não resolver seu problema de dependência etílica. E nisso V.Sa. não é diferente de seus pares, e fica muito claro quando o senhor afirma que são poucos os que conseguem uma "franca e plena recuperação" em A.A., acusando o próprio doente pelo fato, ou como o senhor afirma, por “incompetência do paciente” em aceitar a “solução de A.A.” Além de acusar o dependente por seus males, tenta isentar de responsabilidade sua irmandade. É bom que se diga aqui que os danos causados pelo A.A. não repercute somente nos que não aceitaram a doutrinação proposta por ela, mas para os que aceitaram também e sofreram com as consequência desta adesão, fato é que os juízes de todas as partes do mundo já estão condenando esta entidade a pagar por seus equívocos.
Depois, é preciso esclarecer que o que o sr. chama de "solução", é na verdade um grande problema, pois para aceitar esta dita solução, o candidato tem que aceitar duas premissas de Bill Wilson, que afronta a compreensão do dependente de álcool e o constrange bastante. Estas duas premissas tem o disparate de afirmar que as causas da dependência etílica são “Os defeitos de caráter do dependente e a sua condição de pecador” E para se livrar da dependência ele tem que se penitenciar seguindo a cartilha dos Doze Passos e acreditar no deus criado por Bill. É bom salientar que o 4º Passo é “Fizemos um minucioso e destemido inventário moral de nós mesmos”. Esta determinação absurda é preconceituosa, discriminatória, humilhante, ofensiva e injusta, que provoca o maior desastre para todos os dependentes do mundo inteiro, a estigmatização. A estigmatização causa um fenômeno psicológico devastador, pois ela faz com que os dependentes tenham vergonha de si e de sua doença. Com isso não aceitam o A.A. ou qualquer outra abordagem para tratamento. Esta sim, meu caro, é a razão da não adesão a tratamento, e não o que o senhor afirma se tratar de incompetência do doente, principalmente em aceitar o moralismo de AA.
O senhor ao dizer que “há um universo de equívocos e desinformação tratados aqui e ali, para esse tema”, mostra a condição presunçosa de A.A. que se considera dona do conhecimento e da verdade. Até que existem equívocos e desinformações generalizadas pululando por aí, mas as que o senhor identifica, existem apenas na maneira desvirtuada de vê-las, motivadas pelos mitos criados pelo A.A. Esta falta de conhecimento começa pela tal “classificação categórica dos indivíduos alcoólicos em A.A: Bebedor Moderado; Bebedor Forte; e por último o Verdadeiro Alcoólico”, quando todos deveriam ser tratados simplesmente como “dependentes de álcool” em vários estágios da patologia, pois é este estágio que determina o quanto o dependente bebe. Uma vez que é sabido que todos os dependentes de qualquer droga, como o álcool, começam bebendo quantidades pequenas e vai aumentando essas doses, em uma escala que a ciência chama de “tolerância” chegando ao ponto de uma dose estimular o consumo de outra, fato conhecido como “reinforcers”, e nos estágios finais desta dependência acontece o inverso, o dependente passa a beber muito menos, pois uma só dose o leva a nocaute. Isso acontece porque seu organismo já não apresenta defesa contra os efeitos do álcool e assim seus efeitos são mais devastadores. Depois o senhor concluídizendo que o dependente “está condenado a uma revolução Moral” (sic) - com esse disparate -, mostra ao mundo o contrário: que os equívocos e falta de conhecimento não estão “aqui e ali”, mas aí mesmo, em sua controvertida seita. Esta infeliz concepção de A.A. que V.Sa. deixou que fosse incutida em sua desprotegida mente, e divulga altivamente, mas com consequências danosas graves para todos os dependentes, de todo mundo. Bill foi muito mais inclemente com o dependente do que o senhor. No livro os Doze Passos, chegou a dizer ( no 2º Passo) daquele aquele não acredita no seu deus: “Olhemos primeiro o caso daquele que diz que se recusa a acreditar – o caso do beligerante. Encontra-se num estado de espírito que só se poderia denominar de selvagem.” (Os Doze Passos, página 17) Ali ele xinga o dependente tratando-o por um belicoso capaz de fazer guerra e de alguém não civilizado, um pária da sociedade, só porque não comunga das mesmas crenças do fanático idealizador do A.A. Mas ele não para por aí, em todo este citado livro ele trata os dependentes (os que acreditam ou não em Deus) como seres  sórdidos, com toda sorte de defeitos e máculas, capazes de provocar os maiores males aos outros e a si mesmos. Ele é apenas um doente, mas esta entidade muda completamente o conceito de doença para agravar ainda mais a situação da vítima. Com essa distorção A.A. se torna mais algoz do que a própria doença e então a pseudo “solução” dita pelo senhor, torna-se um instrumento de tortura, nunca de tratamento.
Meu caro, o dependente não precisa de todas essas lições vexatórias de cunho moralistas e denegridoras de sua imagem. Na verdade em vez de “solução” esta proposta que A.A. propõe é extremamente humilhante e se torna complicadora. Ele precisa unicamente de uma terapia digna, que respeite sua condição de ser humano que padece de uma terrível doença. Precisa de quem o respeite e ampare, não de quem o degrade.
A.A. discrimina, ofende, humilha e culpa o doente por sua patologia, além de atribuir a ele o fracasso por não se recuperar, fato esse repetido aqui pelo senhor. É por infelizes concepções como esta de A.A. que as estatísticas de tratamento e recuperação de dependentes são pífias. A.A. tem muito a ver com os menos de 1% dos dependentes de álcool do mundo inteiro que se encontrarem em tratamento, segundo a OMS.
           Tive a curiosidade de visitar o blogue que o senhor veio aqui divulgar e pude constatar ali outras premissas doutrinadoras como as que afirmou logo acima. Lá pude ler sobre o que o senhor chama de "Grande Livro", que no original é Big Book (em Português Alcoólicos Anônimos ou Livro Azul) e sabe o por que deste nome, meu caro? No livro biografia de Bill está a explicação. Os próprios biógrafos de Bill dizem que o preço para aquela época era salgado (como o é até hoje) devido ao tamanho do livro, para enganar os leitores, pois imprimiram no papel mais espesso que havia na gráfica. Infelizmente o termo é enganar mesmo. Na verdade, essa engabelação é contada no livro biografia de Bill: "é claro que a ideia era convencer o comprador alcoólico de que ele estava recebendo algo que valia o seu dinheiro! A espessura da 1ª edição - embora esta última tenha 14 histórias pessoais a mais, além de outros materiais adicionais." (Levar Adiante, página 224)
Tudo de Bill foi elaborado cuidadosamente para enganar os outros, e sua única meta era ganhar dinheiro. Este citado livro (doutrinário, que não tinha nada a ver com os princípios de A.A. naquela época, que seguiam as sugestões científicas formuladas pelo Dr. Silkworth), foi concebido para render dinheiro ao Bill, mesmo que para isso tenha passado seu sócio para trás e os acionistas membros do A.A. (na editora que publicou o livro, a Works Publishing).  Bill embolsou milhares de dólares com ele e além de deixar uma fortuna de herança para a esposa. Além da fortuna herdada, herdou também os direitos autorais deste livroque rendia a viúva, nos últimos anos de sua vida (há aproximadamente 35 anos atrás), 912.000 dólares anuais. Imagine a fortuna que estes valores representavam. Livro este que no seu blogue o senhor chama de “Um Soco no Estômago” (sic). Seguindo este seu raciocínio ele também poderia ser chamado de "um soco na decência"; "um soco na honestidade"; “um soco na dignidade” ou "um soco no rosto de todos os dependentes" que leva a esmagadora maioria a não se tratar e sucumbir desalentadoramente nas sarjetas. Nocaute.
Fica notório que a intenção do senhor com o seu comentário foi divulgar sua irmandade e seu blogue, não lendo as informações que disponibilizamos aqui em nosso espaço. Sugiro que o senhor leia essas informações, e usando de um de um jargão do A.A., que faça isso “abrindo a sua mente”, só que para a verdade, não para a alienação intencionada por A.A.
Muito poderíamos dizer aqui da ineficácia de A.A. ou das más intenções de seu fundador, mas deixamos que o senhor mesmo se incuba dessa tarefa pesquisando nossas postagens.

Com meu abraço,

Luiz Alberto Bahia


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